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Revista Crescer – Empresário chama atenção para ausência do nome pai em pré-cadastro de vacinação infantil em SP: “Paternidade nesse país é facultativa”

Facundo Guerra, empresário e pai da Pina, 9 anos, acessou o site do Governo do Estado de SP para realizar o pré-cadastro de vacinação infantil contra a covid e ficou surpreso com o que encontrou: "Não tem espaço para cadastrar a criança com o nome do pai responsável por ela"

14-01-2022

“Hoje fui cadastrar minha filha de 9 anos para ser vacinada (a saúde na pandemia é um projeto coletivo, nunca me esqueço disso), e quando abri o site do governo para cadastrar a Pina, pumba! Aquela violenta sutileza: só consegui preencher o cadastro com o nome da mãe. Lá, não tem espaço para se cadastrar a criança com um nome do pai responsável por ela”. Foi assim que o pai, empresário e jornalista Facundo Guerra, de São Paulo, começou um post nesta quarta-feira (12).

Ele continuou: “Quando preciso fazer o mínimo, nada mais do que a minha obrigação, de nem sempre me encostar na Vanessa para cuidar da saúde da nossa filha, o Estado me manda essa sutil lembrança: parceiro, paternidade nesse país é facultativa. Aproveita o privilégio e vai tomar uma cerva com os camaradas. Deixa que a mãe cuida.⁠ A propósito, nem vamos considerar a possibilidade dessa criança ter dois pais”, escreveu.⁠⁠

E completou com a sugestão: “Bastava colocar os campos ‘mãe’ e ‘pai’, nenhum dos dois de obrigatório preenchimento? Assim contemplaríamos a todes, inclusive quando um casal de homens quiserem vacinar seus filhes. Ao se colocar apenas um campo, o de mãe, nesse formulário, se naturaliza sob os olhos do Estado o abandono parental. E a naturalização perpetua a opressão. Era esse meu ponto”, finalizou.

O site Vacina Já do Governo do Estado de São Paulo serve como um pré-cadastro para agilizar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid. Os responsáveis devem acessar o site e preencher o formulário com os dados pessoais da criança, como foi realizado nas faixas etárias anteriores. O Estado de SP anunciou que pretende vacinar todas as 4,3 milhões de crianças com a primeira dose dentro de um período de três semanas após o início da campanha, com prioridade para os públicos com comorbidades, deficiências, indígenas e quilombolas.

Repercussão nas redes sociais

O post rapidamente repercutiu nas redes sociais, com centenas de pessoas comentando, inclusive o apresentar Marcos Mion: “O enorme número de crianças sem pai no registro não justifica invalidar a existência de todos. Péssima atitude do Estado. Vc tá certo, Facundo. Não dá pros pais simplesmente aceitarem não poderem ser responsáveis pelos seus filhos”.

“Essa é a realidade. As estatísticas mostram, quase 100 mil crianças não tem o nome do Pai no Registro Civil, dados de 2021”, explicou outro seguidor. “Tinha que ser filiação: com dois campos para preencher. Um deles obrigatório por se tratar de menor. Assim atende a todos os tipos de famílias. E realmente já passou o tempo de normalizar que o filho ‘é só da mãe'”, disse uma seguidora.

“Poderiam colocar apenas ‘Nome do Responsável'”, sugeriu outra. “Acho que o ideal seria ter os dois campos, porém nenhum obrigatório para o preenchimento”, defendeu mais uma.

O que diz o Estado

Nossa equipe de reportagem entrou em contato por telefone e email com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, mas até a publicação, não obteve retorno. Por causa disso, essa reportagem pode sofrer alterações a qualquer momento.

Fonte: Revista Crescer