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IBDFAM: Direitos, valores e resistência: com a palavra uma representante do povo indígena no XII Congresso Brasileiro do IBDFAM
As famílias indígenas e os seus direitos serão destaque no XII Congresso Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões. Com o tema “Famílias e Vulnerabilidades”, o evento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, acontecerá entre 16 a 18 de outubro, no Sesc Palladium, em Belo Horizonte. Inscreva-se.
“Famílias Indígenas: Quais são suas vulnerabilidades?” é o tema da palestra a ser ministrada pela índia e estudante de medicina, Adana Omágua Kambeba, na sexta-feira, 18 de outubro, às 11h. Segundo ela, este é um tema de muita relevância para os povos indígenas. Por isso, ter um espaço como o Congresso nacional do IBDFAM para compartilhar o assunto é de um sentimento de grande valia.
“Procurarei abordar a história da vulnerabilidade das famílias indígenas, paralelamente às posturas dos governos brasileiros frente ao modo de ser do indígena. Sobre o que avançou nos direitos das famílias e quais as demandas que precisam ser atendidas, as quais refletem naquilo que falta avançar nos direitos e, consequentemente, se atendidas essas demandas, colaborarão para a diluição do contexto da vulnerabilidade que os povos vêm vivenciando. Como, por exemplo, perda das terras por falta de demarcação, confrontos com agronegócios, madeireiras, mineradoras e hidrelétricas, problemas com o alcoolismo, drogas, acesso à saúde e a educação e outros problemas sociais”, destaca.
Adana Omágua Kambeba quer convidar os participantes a desmistificarem dentro de si o que foi ensinado e que ainda permeia no imaginário das pessoas sobre o povo indígena, que é de um ser estático, lendário, às vezes alegórico de 519 anos atrás, isolado de tudo e de todos e que não sabe decidir por si próprio.
“Quero convidar os participantes a refletirem no indígena como pessoa do hoje e do agora dentro do atual cenário, de contradições, como um ser que sabe o que quer e procura exercer sua própria autonomia em suas vidas dentro de seus modos de ser e ver o mundo”, diz.
Origens
Registrada como Danielle Soprano Pereira, ela atende pelo nome indígena de Adana Omágua Kambeba, que é o nome de origem do seu povo. Ela pertence aos Kambeba, conhecidos também como povo Omágua, que quer dizer “Povo das Águas”. Eles estão presentes na Amazônia Peruana e Amazônia Brasileira, principalmente no alto, médio e baixo Rio Solimões, na cidade de Manaus, e em outros rios como o Rio Negro.
Natural de Manaus, Adana afirma ter vivido em uma área de característica rural, semelhante a uma aldeia, em contato com a natureza. “Tive uma infância simples, humilde e bem amazônica, marcada pelo contato com as plantas, igarapés, trabalhos coletivos nos afazeres da casa e no plantio da roça. Cresci em casa de madeira palafita construída pelas mãos de meu pai, na beira do igarapé, no estilo da casa tradicional do meu povo. Estudei em escola pública”, lembra.
Para ela, um ponto cultural a ser destacado é a forte presença dos seus avós e de pessoas anciãs, inclusive padres e freiras, durante o seu crescimento, que participaram da sua educação. Com eles, aprendeu que uma das maneiras de lutar pelo respeito à nação indígena é assumir publicamente a sua origem, independente dos preconceitos enfrentados.
“Quando adolescente era envolvida com movimento social. Cheguei a formar um grupo de música indígena, composto por integrantes indígenas, tocando e cantando composições de minha autoria em língua Tupi Amazônico, uma das línguas do meu povo. Nos apresentávamos em diversos lugares, transmitindo a mensagem da resistência e da luta dos povos indígenas às multidões”, ressalta.
Além da área cultural, Adana também atuou na educação indígena, onde foi educadora bilíngue, junto com outro educador, chamado Uruma Omágua Kambeba, que atualmente é tuxawa, o mesmo que cacique, da aldeia Tururukari uka, no estado do Amazonas.
“Fomos educadores através de um projeto chamado ‘Reescrevendo o Futuro’, da Universidade do Estado do Amazonas – UEA. No Amazonas, participava de reuniões sobre saúde, educação e cultura”, conta.
Morando atualmente em Belo Horizonte, ela cursa medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e tem muitos planos ou, como ela gosta de dizer, missão de vida.
“Até hoje, mesmo morando em Belo Horizonte, com a agenda acadêmica médica cheia de atividades e plantões, procuro sempre que possível atender a convites de palestras nas escolas, universidades, congressos e outros espaços, levando a mensagem dos direitos, da resistência e dos valores indígena. Mas desejo retornar para minha casa, na Amazônia, e procurar promover o diálogo entre a Medicina Ocidental e a Medicina Tradicional Indígena, durante as práticas de atendimento de saúde aos pacientes”, destaca.
Expectativa para o evento
Para a sua trajetória pessoal, Adana Omágua Kambeba diz ser bastante importante participar e aprender cada vez mais com eventos como o XII Congresso Brasileiro do IBDFAM, sobre o qual afirma ter boas expectativas.
“Falar de ‘Famílias e Vulnerabilidade’ é um tema muito convidativo para reflexões de todos nós, quanto aos avanços e o que pode ainda se avançar nos direitos, em nosso país, no contexto dos que são juridicamente vulneráveis”, diz.
Por isso, ela afirma que é tão importante haver espaços como esse, “porque para termos noção do atual contexto do ‘que avançou e do que falta avançar’, é necessário nos reunirmos para a exposição de ideias, fatos, discutir possibilidades, refletir soluções, atualizar e pensar em novas abordagens frente às questões que envolvem o tema das famílias e vulnerabilidade”.
“São desses espaços de discussão que surgem possibilidades e demandas que podem ganhar força popular e até virem a ser encaminhadas para instâncias maiores, talvez sacramentando-se em lei”, finaliza.
Inscrições
Garanta a sua vaga e aproveite os valores do segundo lote, que vão até 31 de julho. Clique aqui e inscreva-se.
Obs.: a inscrição só será efetivada após a confirmação do pagamento.
Palestrantes
A relação de palestrantes convidados para o XII Congresso Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões do IBDFAM: Famílias e Vulnerabilidades traz grandes nomes do Direito de Família e Sucessões do Brasil.
Clique aqui e veja a lista completa.
Trabalhos científicos: prazo de envio prorrogado para 22 de julho
A Comissão Científica do XII Congresso Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões convida à apresentação de trabalhos científicos. O prazo para envio foi prorrogado para 22 de julho. Confira o edital. Participe!
Hospedagem
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Confraternização
A festa de encerramento do XII Congresso Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões – IBDFAM: Famílias e Vulnerabilidades será por adesão e está marcada para o dia 18 de outubro, às 22 horas, no Automóvel Clube, em Belo Horizonte. O evento será open bar e open food. As vagas são limitadas, acesse agora!
Fonte: IBDFAM