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G1 Campinas – Com demanda reprimida pela pandemia, casamentos crescem 14% no 1º semestre em Campinas

Quem trabalha na área cita mudança nos perfis de eventos, muitos com redução de convidados e, por conta da concorrência, opção por dias da semana fora dos "tradicionais".

15-07-2022

O mercado de casamentos vive uma avalanche de cerimônias por conta da demanda reprimida após quase dois anos de eventos afetados por conta da pandemia da Covid-19. No primeiro semestre de 2022, Campinas (SP) teve alta de 14,2% nos matrimônios em cartórios na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Números da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-SP) mostram que foram realizados 3.228 casamentos entre janeiro e junho deste ano em cartórios de Registro Civil da metrópole. Nos seis primeiros meses de 2021, foram 2.877.

Apesar de intensa, a retomada veio acompanhada de algumas mudanças de perfil nas cerimônias, explicam profissionais que trabalham na área. Casamentos mais simples ou mais intimistas, e escolha por datas e dias da semana que antes eram deixados de lado estão entre elas.

Festas mais intimistas

Gerente comercial de um espaço de eventos, Malu Orsini conta que está com a agendada lotada até para 2023, praticamente sem “os dias tradicionais”, e já tem eventos marcados para 2024. No Espaço Barão, onde ela trabalha, aproximadamente 80% dos eventos realizados são casamentos.

“É normal no setor trabalhar com um ano e meio, quase dois anos de antecedência. Mas temos tanto quem adiou um evento já marcado, como quem acabou segurando e está fechando a data agora. Com grande demanda, há aceitação por datas diferentes, inclusive feriados, e não só o padrão do fim de semana”, diz.

Outra mudança foi no tamanho das celebrações. E a redução nem sempre significa redução de custos. “Às vezes um mini wedding os noivos podem optar por coisas até mais caras que numa cerimônia tradicional, com um perfil mais sofisticado. É uma tendência, mas tem para todos os gostos. Tem muitas pessoas sedentas por festa, querem dançar, curtir”, conta a profissional.

Corte nos custos

No mercado de casamentos há 17 anos, José Carlos Ferreira, proprietário de um bufê em Campinas, explica que o momento é de equilíbrio das finanças, já que muitos dos contratos foram remarcados para este ano e alguns noivos optaram por renegociar as festas.

“Diminuiu bastante a quantidade de convidados, mas muitos não entendem que há um preço para quando a festa é para 300 pessoas, e outro para 120. Diminui o número de pratos servidos, mas a estrutura é a mesma. É o caminhão, os rechauds, aparadores, equipamentos de cozinha, funcionários”, conta.

Segundo Ferreira, nos eventos maiores, é possível fechar um cardápio tradicional, que reúna entrada e três opções de proteína, mas sem bebida alcóolica, a R$ 90 por pessoa. Como efeito de comparação, o mesmo serviço para menos convidados teria de custar pelo menos R$ 120.

“Estamos renegociando, com alguns clientes é difícil, mas está bom. Graças a Deus tem demanda e vamos passar por isso”, diz.

Comércio

Uma avaliação da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostra que o comércio de rua em Campinas relacionado ao segmento de casamentos e noivas movimenta, ao ano, R$ 450 milhões, e emprega 930 pessoas direta e indiretamente.

“A comercialização dos produtos acontece na forma de compra, na sua maioria, bem como, na forma de aluguel ou leasing. A grande maioria dos clientes é da classe C, que atualmente é a que mais cresce em Campinas, representando, hoje, cerca de 49,5% da população, acima das classes A e B, juntas, que representam 31,5%”, explica Laerte Martins, economista da Acic.

Boa parte desses negócios estão localizados na Rua José Paulino, região central da metrópole, onde há pelo menos 15 estabelecimentos dedicados a locação e venda de roupas da casamentos.

Marry Moresco, que atua há 28 anos com aluguel de roupas para noivas, conta que a pandemia trouxe momentos complicados para o negócio, e que muitas clientes também sofreram – uma delas, conta, chegou a remarcar o casamento quatro vezes.

“Eu tinha 60 noivas para casar quando começou a pandemia, e delas, só faltam quatro. Graças a Deus consegui resolver. E agora teve a retomada, começo do ano foi ótimo”, garante.

Fonte: G1 – Campinas e região