Notícias

Clipping – Revista Crescer – Gravidez na adolescência: taxa no Brasil é maior do que a média sul-americana

08-03-2018

Novo relatório divulgado por órgãos ligados à ONU revela que a sub-região América do Sul + Caribe tem a segunda maior taxa de gravidez adolescente, atrás apenas da África Subsaariana. Para os especialistas, os números são um retrato da desigualdade nos países

A segunda maior taxa de gravidez adolescente do mundo é da sub-região que compreende a América Latina e o Caribe, segundo o relatório “Aceleração do progresso para a redução da gravidez na adolescência na América Latina e no Caribe”, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Os dados colhidos mostram que a taxa mundial de gravidez na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos, enquanto a da América Latina e no Caribe é estimada em 65,5 nascimentos, superada apenas pela África Subsaariana.

No Brasil, o índice é um dos piores da região: 68,4. Ainda assim, Bolívia e Venezuela lideram as taxas na América do Sul. Guatemala, Nicarágua e Panamá ficam em primeiro lugar na América Central, enquanto no Caribe, República Dominicana e Guiana estão no topo da lista. Para entender como os números são altos, vale comparar com os dos Estados Unidos. Por lá, houve diminuição recorde da gravidez adolescente em todos os grupos étnicos: marcaram 22,3 nascimentos a cada 1 mil adolescentes de 15 a 19 anos.

“As taxas de alta fertilidade entre adolescentes afetam principalmente as populações que vivem em condições de vulnerabilidade e demonstram as desigualdades existentes entre e dentro dos países”, diz Carissa F. Etienne, diretora da OPAS. “A gravidez na adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante a vida, pois não apenas cria obstáculos para seu desenvolvimento psicossocial, como se associa a resultados deficientes na saúde e a um maior risco de morte materna. Além disso, seus filhos têm mais risco de ter uma saúde mais frágil e cair na pobreza”, declarou.

Há um aspecto de exclusão que faz o cenário ainda mais triste para essas meninas. “Muitas delas precisam abandonar a escola devido à gravidez, o que tem um impacto de longo prazo nas oportunidades de completar sua educação e se incorporar no mercado de trabalho, assim como participar da vida pública e política”, explica Marita Perceval, diretora regional do UNICEF. “Como resultado, as mães adolescentes estão expostas a situações de maior vulnerabilidade e a reproduzir padrões de pobreza e exclusão social”, completa.

A nossa sub-região é a única do mundo a apresentar tendência ascendente de gravidez entre adolescentes com menos de 15 anos, segundo o UNFPA. A estimativa é de que, a cada ano, 15% de todas as gestações na região ocorram em adolescentes com menos de 20 anos e 2 milhões de crianças nasçam de mães com idade entre 15 e 19 anos.
A mortalidade materna é uma das principais causas da morte entre adolescentes e jovens de 15 a 24 anos na região das Américas. O relatório fornece uma série de recomendações para reduzir a gravidez na adolescência, entre elas, apoiar programas multissetoriais de prevenção dirigidos a grupos em situação de maior vulnerabilidade e impulsionar o acesso a métodos anticoncepcionais e de educação.

Fonte: Revista Crescer