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Diário do Litoral – Pandemia: paulistanos abandonam a capital para morar no litoral
Dados inéditos indicam que transações imobiliárias aumentaram nas cidades praianas ao passo que diminuíram na cidade de São Paulo
A pandemia de Covid-19 acelerou o sonho de muitos paulistanos de viver com o pé na areia. De acordo com um levantamento inédito do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP), associação dos cartórios de notas paulistas, o número de transações imobiliárias por escritura pública aumentou em todas as cidades litorâneas, com exceção apenas de Cananéia, Ilha Comprida e Iguape. Enquanto na capital, esse número caiu. As escrituras de compra e venda de imóveis diminuíram 3%, passando de 59.837 em 2019 para 58.285 em 2020.
No chamado litoral norte paulista, todas as cidades registraram aumento na compra e venda de imóveis. Destaque para São Sebastião, onde as transações imobiliárias por escritura pública aumentaram em 32%, passando de 479 em 2019, para 633 em 2020. Em números absolutos, quem lidera o número de novos moradores é a Praia Grande, que lavrou 6.272 escrituras.
Segundo a associação, uma das hipóteses que podem explicar o fenômeno é a possibilidade do trabalho remoto, realidade que a pandemia trouxe para muitos funcionários e empresas. A escritura de compra e venda é o ato lavrado no cartório de notas por meio do qual uma das partes vende determinado bem imóvel para outra. De acordo com o Código Civil, o documento é obrigatório para a transferência de bens imóveis de valor superior a 30 salários-mínimos.
A empresária Michele Barcena é um dos tantos casos de paulistanos que largou a cidade para morar na praia. Assim que começou a pandemia, o então sonho de morar na praia virou realidade. No segundo semestre do ano passado, ela e o marido, Leandro Molinaro, compraram um apartamento em Maresias, em São Sebastião, no litoral norte paulista. “Colocamos carro no meio, juntamos todas as economias, nos organizamos e, enfim, compramos um flat no canto da praia que a gente mais gosta”, diz ela.
Flavio Valiati, executivo do Zoom e que também comanda a startup social Vamos Subir, acredita que esse não é um movimento pontual, mas sim uma tendência. Para ele, o conceito de anywhere office (escritório em qualquer lugar) foi acelerado com a pandemia, mas veio para ficar. “As pessoas estão entendendo que trabalhar remotamente é mais produtivo, é mais barato e tem mais flexibilidade. As empresas estão ofertando mais vagas remotas, assim como os profissionais também estão no mesmo sentido, buscando vagas flexíveis.”
O executivo se baseia no estudo Changes to job-seeking behaviour, do Linkedin. A plataforma de empregos constatou um aumento de 60%, entre fevereiro e junho de 2020, nas pesquisas de emprego, onde os candidatos usavam a palavra “remoto” como filtro nas buscas. O mesmo levantamento da rede social profissional, mostrou que durante o mesmo período, as empresas ofereceram quatro vezes mais vagas para atividades que podiam ser realizadas remotamente.
Já Erica Castelo, headhunter afirma que o trabalho híbrido não tem uma fórmula secreta de sucesso, mas surge como uma solução concreta para a experiência remota vivida durante a pandemia. Por isso, o modelo de trabalho híbrido deverá ganhar cada vez mais força, com o retorno de boa parte dos profissionais aos locais de base das empresas, ao menos durante alguns dias do mês.
Ela acredita que com as dificuldades do trabalho em confinamento, junto com todas as questões familiares das crianças em casa, surgem também oportunidades. ‘’As empresas descobriram que poderiam gastar menos em escritórios físicos, que poderiam contratar talentos em qualquer lugar do planeta. Por outro lado, os colaboradores descobriram uma nova forma de trabalhar com mais liberdade e qualidade de vida, substituindo muitas vezes as horas gastas no deslocamento para o trabalho por momentos mais produtivos, liberando mais tempo para a família ou para uma vida mais saudável, por exemplo’’, completa a headhunter.
Fonte: Diário do Litoral