Notícias

Nomes nem tão comuns assim!

02-10-2017

Os nomes são identidades sociais e, muitas vezes, definem quem você é. Por isso, possuir um nome incomum representa muito na vida de alguém.

Existe algo que, exceto que você mude, irá lhe acompanhar pelo resto da vida: seu nome. Antes de qualquer outra coisa, é o que está escrito ali, na sua certidão de nascimento, que vai dizer quem você é – pelo menos legalmente. Pode explicar sobre suas origens, região geográfica de nascimento e até revelar sobre um contexto histórico ou uma moda. Por isso, os nomes são identidades sociais e, assim, podem causar impacto sobre alguém, principalmente quando não são tão comuns.

É por saber de toda a representatividade que um nome pode assumir na vida dos filhos, que essa missão se torna difícil para os pais. Alguns buscam inspirações e referências, outros preferem ser criativos, até mesmo criando “novos” nomes. Mas, mesmo tendo a autonomia da decisão, os pais não podem registrar os filhos com qualquer nome. Segundo Jardel Rosado, oficial substituto do 1º Cartório do Registro Civil Dora Martins, não há normas que regulem os registros de nomes, entretanto, na hora de expedir a certidão de nascimento, eles orientam os pais quanto a isso.
“Não há nada na lei que diga como deve ser o nome de alguém. O único momento que o cartório pode se recusar a fazer o registro é quando os nomes escolhidos pelos pais podem expor a criança ao ridículo ou situação vexatória. Quando acontece esse tipo de casa, o cartório submete um termo por escrito a um juiz competente e cabe a ele a decisão de conceder essa permissão. Quando ao sobrenome, o código de normas do Piauí só diz que não pode haver alternância na ordem dos sobrenomes dos pais, um deve ser seguido do outro”, explica.

Hoje Sana Manuela Moraes Carvalho, a jornalista Sana Moraes, era Shanna Manoella Moraes Carvalho. O nome, segundo ela, foi inspirado na personagem chamada Shana (pronuncia-se Sana), da novela “Te contei”. Sua mãe, que gostava do folhetim, chegou a duas opções na hora do registro: Sana ou Silvia. O pai, entretanto, no cartório, adicionou um “H” a certidão de nascimento, a registrando como Shanna. O nome, por mais comum que fosse para a família, começou a gerar constrangimento a ela na escola, durante sua infância.

“Na escrita ficou Shanna, mas ninguém nunca chamou assim, sempre foi Sana mesmo. Quando comecei a estudar, posso dizer que sofri bullying em uma parte da minha vida. Na escola me chamavam de gato e de ‘shaninho’. Na época, meu avô, que era advogado, viu o quanto eu sofria com aquilo e me perguntou se eu gostaria de ter outro nome. Foi então que ele conseguiu alterar meu registro e deixou Sana, que não deixa de ser um diminutivo do nome da minha mãe Silvana”, conta.
Os pais da administradora Fada Maria também não tiveram receio de escolher o diferente na hora de registrá-la. Seu pai, segundo ela, sempre gostou de coisas místicas e presentou a esposa durante a gravidez, com o livro “Fadas” que continha várias imagens de fadas. Em uma das noites, Renata Pitta, sua mãe, sonhou com uma fada e acreditou que ali poderia ser sua filha. A partir desse episódio o casal chegou ao consenso de qual nome poderia dar para a primogênita.

“Na fase de escola, era um pouco mais complicado por conta das brincadeiras, mas nada que levou a algum tipo de rejeição ou que me fizesse desgostar do meu nome e querer mudar. A maioria das pessoas achava bonito. Muita gente já chegou a pedir minha identidade, já acharam que era apelido e por telefone, quando falo, muita gente não acredita. Mas a maioria acha que combina comigo e já escuto gente falar que quer colocar o mesmo nome nas filhas também”, lembra a administradora.
Mais diferente que Fada, só mesmo Hadit Rhéa Ram. A designer de interiores é a irmã mais velha de Cirano Horus Rama (agora, Cirano Peixoto Xavier de Alencar) e Uriel Govinda. O nome da família foi uma sugestão do pai Pedro José de Alencar, que não queria usar sobrenome de família. Os nomes próprios vieram da mitologia egípcia, cultura a qual ele gostava muito de pesquisar e estudar. Hadit, por exemplo, segundo os egípcios, significa “tudo que manifesta no universo”. Para ela, o nome nunca foi um problema.

“Adoro meu nome, tem uma sonoridade diferente e é mais curtinho, depois que você conhece se acostuma. Eu acho ótimo ter o nome diferente, já é minha marca”, comenta ela, acrescentando que “Sempre que vou fazer qualquer cadastro já falo meu nome soletrando. Às vezes, em cadastro por telefone, quando a pessoa não entende já passo logo o nome de outra pessoa da casa para facilitar”. A designer finaliza contando que para o filho escolheu também um nome com significado, só que mais comum: Pedro Davi.

Karl Marx e Frederick Engels são piauienses

Não é de espantar que um professor de história seja profundamente apaixonado por grandes nomes que moldaram a história do mundo. Mas para Raimundo França, a paixão foi além da admiração. Pai de três filhos, ele resolveu homenagear grandes figuras do comunismo e socialismo com o nascimento dos rebentos. Assim, nasceram os piauienses Karl Marx, Katylenin e Frederick Engels.
Filha do meio, a jornalista Katylenin França explica o porquê de ser a única com a variação no nome. “O primeiro foi o Karl. O meu seria Lenin, o da Revolução Russa, mas nasci mulher, então papai e mamãe decidiram por unir Katya com Lenin. Por isso, Katylenin”, relembra.
Apesar de ser incomum, a jovem lembra que não teve problemas com o nome diferente, ao contrário dos irmãos, que ainda foram motivos de piadas na época escolar.

Para facilitar, todos são conhecidos na família pelo nome diminutivo. O Karl Marx é só Marx; Friedrick é o Fred; e a Katylenin, por vezes, chamada apenas de Katy. “Mas nem mesmo mamãe sabe escrever nossos nomes”, destaca.

Comuns e mais populares

Em julho, o IBGE divulgou a lista dos dez nomes mais populares entre os brasileiros, de acordo com o Censo 2010.No topo da lista, “Maria” lidera com mais de 11,7 milhões registros, em seguida aparece “José” com 5,7 milhões.

Entre os nomes femininos essa não é uma novidade, já que “Maria” vence a pesquisa do IBGE desde os anos 1930, sempre à frente de Ana. Já entre os nomes masculinos, houve uma mudança. “José” e “Antonio” aparecem em primeiro e segundo lugar até a década de 1980, até a chegada de “Lucas” que liderou os registros na década de 1990. Nos anos 2000, “João” ficou em primeiro e “Gabriel” em seguida .

Ainda segundo a pesquisa do IBGE, foram identificados 130.348 nomes diferentes na população brasileira, sendo que foram considerados apenas aqueles com 20 ocorrências ou mais no Brasil — ou 15 em uma das UF ou 10 no município. São 63.456 masculinos e 72.814 femininos.

Fonte: Jornal O Dia