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Mulheres à frente de agronegócios: conheça a história da produtora rural Zulmira dos Santos Romão

No mês das mulheres, Anoreg-MT destaca a história de uma das muitas mulheres que têm ocupado postos de liderança no agronegócio e que contam com os serviços realizados pelos cartórios

17-03-2022

Majoritariamente comandando pelo gênero masculino, o agronegócio tem sido conquistado cada vez mais pelas mulheres em postos de liderança. É o que mostra a pesquisa divulgada em outubro de 2021, realizada pelo coletivo Agroligadas.

Conforme os dados, 69% das entrevistadas são proprietárias de terras, enquanto 17% estão em posição de direção no agronegócio. A produtora rural Zulmira dos Santos Romão, de 57 anos, se encaixa nas estatísticas. Ela é proprietária de uma fazenda localizada em Nova Olímpia-MT, onde produz farinha de mandioca, jiló, quiabo e recentemente investiu no plantio de 3.400 pés de café.

Para conquistar a terra, Zulmira e sua família precisaram correr atrás da regularização fundiária, garantindo seu direito de posse e impactando diretamente na participação em financiamentos bancários, programas sociais e desenvolvimento do seu negócio rural. Para isso, a produtora contou com os serviços realizados pelos cartórios.

Ela relata que todo o processo, feito em 2002, foi fácil e contou com a celeridade e prontidão dos cartórios da época ao regularizar sua propriedade.

“Passamos pela vistoria, fizemos a homologação no nosso nome e recebemos a certidão do Incra no nosso nome. Foi feito logo em 2002”, descreve Zulmira. “Fomos registrar todos os documentos da terra em cartório. Foi fácil todo esse processo, não teve burocracia”, completa.

Esse processo, fortalecido pelos serviços prestados pelos cartórios mato-grossenses ao garantir segurança jurídica, também serve de instrumento para o desenvolvimento econômico do país. Isso porque seria capaz de induzir investimentos em melhoria dos próprios imóveis e viabilizar o acesso a financiamentos para investimentos em pequenos negócios.

Conquistas e desafios no campo

Com uma enxada na mão desde os 10 anos, Zulmira se sente realizada ao ter sua terra e cuidar de toda a produção, desde o plantio até a distribuição. Ela afirma que é isso que sempre desejou e não trocaria a terra por nenhuma outra profissão.

“Meu pai foi um grande produtor no Mato Grosso quando viemos do Paraná. E eu cresci ali dentro, então isso é de família. Sou muito satisfeita, porque estou fazendo o que eu gosto, estou na área que eu gosto, que é a agricultura. Jamais eu deixaria a minha área porque cresci nessa área, sempre trabalhei na lavoura, então isso está no sangue. Vou morrer nessa área, estou fazendo o que eu gosto com amor”, conta.

Ainda conforme o estudo da Agroligadas, pode-se concluir que o campo sempre contou com a presença feminina, mas, até pouco tempo, apenas em espaços secundários. A tomada de posições de liderança é recente e tem expectativas de avançar. Para a produtora, o mercado também se adaptou e tem reagido positivamente à presença feminina nos negócios rurais.

“Sinto-me bem aceita já. Faço meu trabalho aqui, vou na rua fazer entregas de produção e somos admiradas quando estamos descarregando minha produção. Acho que a gente já está sendo bem aceita nessa área”, relata Zulmira.

Apesar de, para 79% das entrevistadas, a questão da desigualdade de gênero no agronegócio ser melhor hoje do que há 10 anos, para 64% delas o problema ainda permanece. Para a maior parte, no entanto, a perspectiva de melhora desse cenário é otimista. Em comum, 93% delas dizem sentir orgulho do trabalho e 97% felizes com suas funções.

Para a agricultora, é necessária determinação ao ser mulher no campo e passar por cima das adversidades. “Quando a gente faz o que gosta e faz com amor, tem coragem, enfrentamos tudo. Eu enfrento o machado, enfrento a enxada. Acho que a mulher que faz o que gosta, está na área que gosta, não tem desafio”, defende a produtora rural.

No entanto, Zulmira Romão acredita que ainda falta apoio do poder público para o desenvolvimento das produtoras, principalmente na concessão de crédito. Segundo ela, há grande dificuldade em encontrar projetos que favoreçam as mulheres agricultoras.

“É necessário ter projeto para a mulher trabalhar, um financiamento para podermos trabalhar e melhorar a qualidade na agricultura. A política pública ainda trabalha pouco na agricultura. Acho que isso ainda precisa melhorar muito para nós. Temos difícil acesso a projetos para conseguirmos trabalhar. Para conseguir uma carta de crédito ainda é difícil. A gente trabalha aqui com a cara e a coragem”, enfatiza.

Mesmo contando com poucos incentivos, Zulmira tem obtido sucesso no plantio de café, cujo experimento foi proposto pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). Com os pés de café se aproximando da floração, a agricultora tem grandes expectativas para a colheita.

“Plantei 3.400 pés de café e já está lindo o plantio logo no primeiro ano. Vai dar tudo certo e ano que vem estarei plantando café. É um projeto que veio da Empaer para experimentar qual café se adapta nessa área. Veio essa oferta e eu abracei essa causa. Hoje estou com meu café plantado e está muito lindo. Tem tudo para esse ano já ter a primeira florada. Se Deus quiser, ano que vem já tenho meu café para vender pelo Brasil”, conta animada.

Fonte: Assessoria de comunicação – Anoreg/MT