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Clipping – Gazeta de Limeira – Registro de bebês revela queda de natalidade em Limeira

30-07-2019

Redução foi de 12% se comparados os registros do primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2018

Dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado (Arpen) de São Paulo revelam uma acentuada redução de nascimentos em Limeira, se comparados os números de bebês registrados no primeiro semestre deste ano e no mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2019, foram registrados pelo cartório 1.948 bebês. Nos primeiros seis meses de 2018, haviam sido 2.211. A diferença é de menos 12%.

“Estes dados refletem o processo de consolidação da transição demográfica no município, com a diminuição acentuada no número médio de filhos por mulher em todos os grupos sociais”, analisa a professora do Departamento de Demografia da Unicamp, Rosana Baeninger, que atua no laboratório de estudos populacionais. Ela explica que este processo vem ocorrendo nos últimos 50 anos no Brasil. “Chegaremos a uma fase com menos mulheres em idade reprodutiva, e que queiram ter filhos, que em décadas anteriores”.

Além disso, ela acredita que pode estar ocorrendo também no município um adiamento na idade das mulheres para ter filhos, seja em função da carreira profissional ou escolhas individuais, e que a variação no número de nascimentos por ano pode sofrer oscilações para mais ou para menos. “É importante considerar também a opção de muitas mulheres e casais por não quererem ter filhos. Esta tendência na diminuição dos nascimentos deverá se consolidar nos próximos vinte anos, quando o país e os municípios terão maiores taxas de crescimento de suas populações idosas”.

REALIDADES

Limeira é uma cidade com uma estrutura de saúde pública que oferece opções de planejamento familiar: contraceptivos oral, injetável, preservativo, pílula do dia seguinte, vasectomia, laqueadura e DIU, informou a Secretaria Municipal da Saúde, que ressaltou também a importância quanto ao uso do preservativo na prevenção de infecções sexualmente tramissíveis. Mas, nesta reportagem, o foco é a contracepção. 

E diante de tantas opções, inclusive gratuitas, é uma realidade que muitos casais têm optado por não querer filhos, ilustrando o que disse a professora da Unicamp. É o caso de D.C., 34 anos: “Ter filhos nunca foi um desejo, mas a decisão se fortaleceu principalmente pelos desafios de educar em nossos tempos, em termos culturais. Pensava muito em que filho deixaria para o mundo, mas principalmente que mundo deixaria para um filho, que acho pouco animador”. 

Outro depoimento, de uma limeirense de 32 anos que prefere não ser identificada, também ilustra a explicação de Rosana: “Eu projetava ter filhos aos 30, mas com o passar do tempo, vamos ficando mais responsáveis e preocupados com situações como o momento financeiro, por exemplo. Entendemos a seriedade que é cuidar e educar uma criança. O tempo e a atenção que um filho demanda e acabamos por ir adiando esse momento”.

Muitas mudanças comportamentais, como a de postergar ou decidir não ter filhos, são observadas, mas para D. ainda é um grande desafio mudar a pressão que recai principalmente sobre a mulher quando o assunto é este. “É uma cultura do patriarcado que continua se reproduzindo, como muitas outras. Porque as pessoas já têm uma predisposição a impor sua vontade ao outro, e a ‘obrigação’ da maternidade se impõe desta forma, porque a sociedade ainda não está habituada com a mulher fazendo as suas próprias escolhas, principalmente as que rompem com as convenções sociais”. 

 

Fonte: Gazeta de Limeira