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Clipping – Terra – Os brasileiros estão preparados para paixões duradouras no século 21?

12-03-2019

Uma pesquisa divulgada no final de 2018 pelo IBGE aponta que no Brasil, em 2007, a média de duração de um casamento civil poderia ser estimada em dezessete anos. Dez anos depois, o tempo médio entre a data do casamento e a data da “sentença” para o divórcio caiu para catorze anos, segundo as Estatísticas do Registro Civil 2017. Esse é um número preocupante e que pode piorar, é o que diz a especialista em desenvolvimento da mulher, Michelly Pettri. 

Outro dado interessante é que entre 2016 e 2017 o número de uniões registradas diminuiu 2,3% e o número de divórcios aumentou 8,3%. Além disso, foi o segundo ano consecutivo com diminuição de casamentos e aumento de divórcios. “Foram três casamentos para cada divórcio”, comentou Pettri. 

Entretanto, apesar de ser uma realidade nova para sociedade brasileira, a especialista diz que a mesma pesquisa indicou uma exceção à regra por conta dos casamentos homoafetivos e que, apesar de representarem pouco mais de 0,5% das uniões registradas, são uma porção que segue crescendo, com um aumento de 10% em 2017.

“Amar pode dar certo, sim! A relevância não está mais no parceiro ou na orientação sexual, mas no sucesso e na qualidade do relacionamento”.

A especialista apresenta o tema “Amor e Paixão Resilientes” como um fenômeno que pode virar esse jogo em prol do relacionamento, da família e recuperar os sonhos planejados no matrimônio.

De acordo com Pettri, a “erosão conjugal” é a grande vilã e pode comprometer a harmonia  entre o casal, principalmente de casais latinos, ainda avessos a terapias ou programas de ajuda especializada, em ambiente online ou presencial. 
“Em países mais desenvolvidos, a população recorre à ajuda de especialistas e faz uso consciente e focado da internet para isso. No Brasil,  a grande massa da população segue encantada com redes sociais e com o entretenimento on line. Acredito que nossa gente é inspirada a amar e que podemos fazer uso deste recurso incrível para finalidades mais nobres”.

Como os brasileiros devem olhar para esse cenário? Pettri defende que os brasileiros não devem esperar o pior acontecer. “Se colocarmos uma lente de aumento sobre os casais,  a erosão conjugal está a um passo de muitos deles, independente do gênero ou da classe social. É fundamental entender que não há nada diferente com o amor em si, mas a forma de amar e ser amado mudou consideravelmente. O desafio de manter a chama acesa aumentou significativamente nos últimos tempos” e complementa dizendo que “Antes tínhamos de quatro a cinco estágios entre a paquera e o casamento. Este número triplicou, basta considerarmos o verbo “ficar” e o quase indecifrável “rolo” como elementos muito naturais para este tempo. Mas, apesar da evolução e aceitação social em detrimento do amor, os conflitos são seculares: a angústia de se conviver a dois, os desentendimentos e a demanda de um fast food amoroso a cada esquina”.    

– Você pode dar exemplos de como os brasileiros estão reforçando a erosão conjugal?

– Claro. As novelas e revistas de celebridades são ótimas fontes de erosão conjugal. As pessoas afunilam muito pouco e dilatam seus critérios sobre o que realmente desejam em nível emocional e este comportamento torna-se agravante quando algumas empresas focam em exibir aquilo que as pessoas não precisam ou não querem e ainda assim, as fazem enlouquecer atrás deste tipo de conteúdo. Você consegue entender que ninguém deseja a infidelidade, mas há quem torça pela amante na trama das oito? A mocinha deveria ser o alvo, mas a vilã quase sempre dita comportamento. E não basta zapear, quase todos os canais abertos de tv incitam uma vida de qualidade baixa, que definitivamente não é a ideal para você ou para mim”

– Você pode dar mais algum exemplo?  

– Quantos sonhos, tempo, dinheiro, amor, carinho e muitas outras coisas, são investidos numa relação? E quantos danos, traumas e sequelas uma separação pode causar? 

Uma criança enfrenta esse processo e pode carregar essas mazelas para vida adulta e nunca mais ser a pessoa que deveria ter sido. Sei que é forte ler e aceitar, mas alguns pais simplesmente alteraram o destino de seus filhos para pior, não por opção, mas por falta dela. Em pensar que quase sempre todo esse caos poderia ser evitado por um simples interesse de uma das partes que decide consumir um e-book gratuito na internet, um vídeo, um livro ou um treinamento específico sobre o tema. 

Quando Kennedy nos disse: “A hora de consertar o telhado é quando o sol está brilhando”, nos deixou um indicativo muito interessante! A primeira discussão que ultrapassa o limite já é um convite a buscar ajuda. Muitas vezes, uma atitude precoce pode evitar uma discussão maior, um desrespeito ou uma eclosão. 

Muitos casamentos foram salvos por conta de um conteúdo gratuito da internet, que ensinou lições valiosas para o casal. Noutras vezes, a separação litigiosa e o trauma causado nos filhos foram evitados porque a relação teve a intervenção de um profissional que soube minar o caos instaurado naquela família, é o que diz a especialista em desenvolvimento da mulher, Michelly Pettri. 

Michelly aponta que em alguns casos, até os filhos estão vivendo a fase da erosão conjugal e isso é alarmante. “Quando um casamento com filhos começa a dar sinais de desequilíbrio, uma criança está sendo cotidianamente bombardeada com a ideia de que seguir solo pode ser a melhor opção. Em casos de desrespeito moral mais profundo, a autoestima e o desejo de compor uma família podem sofrer um desencorajamento fulminante”. 

Qual a sua aposta? Pergunto para Michelly.

“Eu aposto no amor com método. As pessoas irão equilibrar o jeito contemporâneo e o jeito moderno de amar. Menos sofrimento e mais assertividade. É por isso que contar com um especialista, ler um bom livro ou buscar meios de fazer acontecer sem considerar um Plano B são tão importantes. Mas, antes disso, existe algo que precisamos prestar atenção.”  

O que seria? Questiono novamente. 

Veja que interessante: se duas guitarras estiverem dentro de uma sala e você dedilhar uma corda específica em apenas uma, a outra incrivelmente começará a vibrar na mesma sintonia, ainda que você jamais a toque. Isto acontece porque elas estão em ressonância, estão afinadas no mesmo som. Esta é também a premissa de um casamento, que duas pessoas vibrem seu melhor em prol do outro. Acontece que a frequência ruim também afeta o cônjuge e, por isto, a importância de não deixar a rotina se tornar um peso, impedir que o brilho e o protagonismo de cada indivíduo da relação se apague por influência do outro. 

Jay Zagorsky, um cientista de pesquisa da Universidade do Estado de Ohio, estudou as tendências de riqueza e inteligência emocional por estado civil. As pesquisas demonstraram que as pessoas que ficaram casadas, cada uma tinha cerca do dobro da riqueza de pessoas solteiras que nunca se casaram. Juntos, a riqueza do casal foi quatro vezes maior do que uma única pessoa. O nível de depressão na meia idade para pessoas casadas cai em 54% e estar casado verdadeiramente leva à satisfação.

A grande maioria dos casais pretende constituir família e mais uma vez, refiro-me não apenas ao modelo de família tradicional, mas aos sonhos dos casais homoafetivos. Uma pesquisa realizada pelo American Enterprise Institute indica que os adolescentes que crescem em lares intactos, ou seja, em que os pais vivem juntos, são significativamente mais propensos a ter sucesso educacional. Mais precisamente, os jovens que são criados por seus pais têm até 44% mais chances de ter um diploma na faculdade, o que está direta ou indiretamente ligado a melhores oportunidades de trabalho, menores probabilidades de desemprego e um salário maior ao longo da vida. 

São provas irrefutáveis de que casamento vale a pena, de que a rota pode ser corrigida a qualquer momento e o melhor, de um jeito simples e perfeitamente aplicável. Amar pode dar certo!

Fonte: Terra