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Arpen/SP – O registro civil de Lygia Fagundes Telles

18-04-2022

Lygia Fagundes da Silva Telles nasceu na cidade de São Paulo em 19 de abril de 1918, sido registrada quatro dias após no 11º Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais do Subdistrito da Santa Cecília. A serventia também realizou o registro de seu primeiro casamento, ocorrido em 1947, com Goffredo da Silva Telles Junior, que transmitiu seu sobrenome à escritora após o matrimônio.

Com 103 anos de vida, Lygia Fagundes Telles faleceu no último dia 3 de abril, por causas naturais. Mesmo com a perda da ilustre autora, considerada por acadêmicos e críticos literários como a maior escritora brasileira enquanto viva, sua morte trouxe à tona um relevante assunto: a importância do registro civil.

Alguns dias após a morte de Telles, que havia sido informada erroneamente ocorrida aos 98 anos, o genealogista Daniel Taddone divulgou em sua conta no Instagram um texto que comunicava o erro, revelando a idade correta da escritora: 103 – cinco anos a mais do que o informado pela mídia no momento de sua morte.

Após a divulgação da idade correta, veículos de imprensa comunicaram que a data de nascimento de Lygia Fagundes Telles havia sido verificada no site da Academia Brasileira de Letras (ABL), a qual a escritora ocupa a cadeira de número 16 desde 1985. Procurada, a instituição informou que a data havia sido informada pela própria autora. E partir disso, iniciou-se uma busca a fim de comprovar a real idade de Lygia.

A importância do registro civil

Taddone confirmou que fez a pesquisa dos registros da escritora a partir do site FamilySearch, plataforma de consultas genealógicas que informava o registro de nascimento e batismo de Lygia Fagundes Telles. Procurado, o 11º Cartório da Santa Cecília divulgou os assentos de casamento e nascimento da escritora, onde ambos compreendiam a data correta em que Lygia havia nascido, e atestava o erro.

Com a prova documental, comprovada partir do registro civil da escritora, ficou reconhecido que Lygia Fagundes Telles nasceu no dia 19 de abril de 1918, e que no momento de seu falecimento a autora havia nos deixado aos 103 anos de idade. Baseada nesta informação, levantou-se diversas questões acerca da história de Lygia, assim como o fato de não ter havido a celebração de seu centenário, ocorrido então no ano de 2018.

Além disso, nos 90 anos da escritora, o qual acreditavam ter sido completados em 2013, quando Lygia tinha de fato 95, diversas foram as homenagens feitas à autora, como um evento de celebração realizado pelo Instituto Moreira Salles. Outro fato importante para a história da carreira de Telles é relacionado à sua primeira obra.

Em “Porão e Sobrado”, publicado em 1938 com o auxílio financeiro de seu pai, achava-se que tinha sido escrito por Lygia ainda moça, com seus 15 anos de idade, mas a partir de seu registro civil, pode-se constatar que a autora já era uma jovem no período da publicação de sua primeira obra, com então 20 anos.

Lygia é mais do que sua idade

Com o debate de sua real idade, também se acendeu a discussão sobre o motivo da mudança. A família da autora ficou surpresa com o fato; segundo Lucia Telles, neta da escritora, em entrevista concedida ao jornal O Globo, Lygia sempre havia dito ter nascido em 1923, e ainda enfatizou que a avó não gostava de comemorar aniversários. “Não tinha nem parabéns para ela. Por isso, aqui em casa, não tem importância. Para nós, ela era de 1923 mesmo.”

Como forma de motivação para Lygia ter diminuído cinco anos em sua idade, a opinião pública trouxe à tona a relevância da juventude na sociedade, principalmente às mulheres. Para a psicanalista Vera Iaconelli, em sua coluna na Folha de S.Paulo, a discriminação à pessoa idosa se mostra como o principal fator para o caso.

“É comovente que uma mulher considerada imortal pela grandiosidade de sua obra sentisse a necessidade de alterar a própria idade”, escreveu Iaconelli. Apesar do acréscimo de cinco anos em sua idade, sua história pessoal e sua carreira literária ficará para sempre nos arquivos do país, comprovando a importância dessa autora para a história do próprio Brasil, com obras que após décadas continuam emocionando as gerações atuais.

Clique aqui e leia a matéria do O Globo.

Clique aqui e leia a coluna de Vera Iaconelli na Folha de S.Paulo.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Arpen/SP